A Abrasel SP – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – SP, julga que se não houver comprometimento da Prefeitura, Governo do Estado e União, não teremos solução a curto prazo e muito menos definitiva. Por outro lado, o envolvimento da mídia, entidades, formadores de opinião e sociedade é imprescindível, cada cidadão deve ser conscientizado do desastre que poderemos ter que enfrentar nos próximos meses, e dos riscos para a sociedade.
O setor de bares e restaurantes está empenhado em fazer sua parte na busca de soluções e esforços possíveis para economizar água. Os estabelecimentos do ramo não conseguem trabalhar sem água, portanto não conseguirão sobreviver se a crise se agravar, deixando de prestar serviços, ser opção de lazer e empregar centenas de milhares de trabalhadores.
A Abrasel SP está atuando para a economia hídrica desde 2014. Em abril, prevendo a diminuição no abastecimento de água, estabeleceu um convênio com a Sabesp e convocou os empresários do setor para assembleia, onde especialistas deram dicas e instruções para a redução no consumo de água. Entre as alternativas – troca de equipamentos (válvulas, descargas e torneiras), conscientização e treinamento dos funcionários, informações aos clientes através de cartazes e adesivos implantados em locais estratégicos (banheiros e pias), entre outras ações.
O setor já vem enfrentando dificuldades, mas nada comparável com o que ainda pode acontecer, caso o fornecimento de água for interrompido por mais de dois dias e fala-se em cinco. Além das falências e desemprego, os estabelecimentos que sobreviverem terão inevitáveis aumentos de custos, a serem repassados para os preços, já que a água, além de escassa, ficará mais cara (o preço dos caminhões tem aumentado; certamente aumentará o preço da água engarrafada), os cuidados terão que ser redobrados, haverá multas por consumo, entre outras dificuldades. Outro fator a aumentar os custos será a escassez de produtos vindos do campo.
Em resumo, a falta de água afetará todo o processo de produção de bens e serviços, o desenvolvimento econômico, empregos, inflação, e PIB.
Segundo estudos divulgados pela ONU, a água domina 75% do planeta Terra. Desse volume, apenas 2,5% é potável, ou seja, própria para consumo. E a grande maioria dessa pequena porcentagem não está acessível.
Outro dado alarmante, é a previsão que no ano de 2025, 45% da população mundial ficará sem água potável. O desperdício de água e o elevado índice de natalidade dos países são os principais motivos desta situação. O Brasil sozinho detém pouco mais de 10% de todas as reservas de água doce do planeta, mas não usa nem 1% de todo o seu potencial, e o recurso utilizado, ou está poluído ou se esgotando.
“Mediante a esse panorama, é imprescindível a participação de toda a população nesse movimento que visa economizar água em todos os níveis, em todos os bairros, em todas as empresas, em cada casa da grande São Paulo.
No limite temos que pensar em proibir construções com piscinas ou desativar as existentes ou ainda limitar funcionamento a determinados meses, reduzir ou proibir banheiras de hidromassagem, empresas de lavar carros, e prever pena para quem lavar calçadas ou veículos. Temos que mudar nosso modo de vida e respeitar as limitações impostas pelo meio ambiente.
Contamos com o apoio e liderança efetiva das autoridades e participação da sociedade, para amenizar as sérias consequências dessa crise hídrica. E principalmente, que todos estejam a altura do desafio’’, comenta Percival Maricato – presidente da AbraselSP.
ORIENTAÇÃO AOS PROPRIETÁRIOS DE BARES E RESTAURANTES PARA ECONOMIZAR ÁGUA
É preciso que os PROPRIETÁRIOS DE BARES E RESTAURANTES se conscientizem da gravidade da situação vivida pela sociedade, decorrente da falta de água, que tende a ser agravar e muito nos próximos meses. Vimos reiterar essa preocupação e pedir mais uma vez que todos ajudem a evitar uma catástrofe.
Ressaltamos que os bares e restaurantes estão entre os negócios que terão mais prejuízos com a falta de água. Este insumo é imprescindível para lavar alimentos, pratos, copos e talheres, equipamentos, pisos e manter os banheiros limpos, evitando contaminação e odores.
Caso o estabelecimento seja obrigado a fechar por falta água, quantos dias suportará sem faturar, tendo que pagar funcionários, aluguéis, fornecedores, entre outros custos.
Não obstante, se por mais esforços que fizer o estabelecimento, o abastecimento de água for suspenso por mais de 1 dia, e o estoque desta acabar e não houver indicação de retorno do fornecimento, o proprietário deve estudar a suspensão das atividades, pois não pode funcionar sem condições mínimas de higiene e segurança alimentar.
A ABRASEL entende que certos acontecimentos indesejáveis, podem ser considerados naturais na vida em sociedade. No entanto, se eles acontecem em decorrência da falta de responsabilidade do Poder Público e se tiverem continuidade além do razoável, se o fornecimento de água faltar completamente por mais de dois dias por exemplo, o prejudicado terá direito de indenização contra esse mesmo Poder Público.
A entidade está empenhada em auxiliar e informar meios para amenizar as consequências da crise. No entanto, a associação espera que as autoridades estabeleçam planos e metas efetivos, apoio e respeito com a população através de informações constantes, e agilidade na solução da retomada do abastecimento hídrico. Caso contrário, agiremos de forma a ressalvar os interesses do setor e da sociedade.
Sugestões práticas para reduzir o consumo de água
O maior dispêndio de água nos estabelecimentos do ramo acontece na cozinha/copa, no bar e nos banheiros, especialmente dos clientes. Temos pois que tentar conscientizar nossos funcionários e clientes para que façam economia.
Quanto aos funcionários, recomenda-se que os proprietários (vale para executivos, chefs, barman, nos de estabelecimentos de maior porte) façam reuniões com demais funcionários discutindo formas de economia e tentando convencê-los a fazer o mesmo em casa, tornarem-se formadores de opinião com pessoas com que se relacionam, especialmente parentes e vizinhos.
Deve-se ter cartazes e adesivos informando as práticas de economia de água, e colocá-los em todos locais onde se gasta água (material é gratuito e pode ser retirado na sede da associação), entre outras recomendações:
- Adquira recipientes – cisternas, baldes grandes, capazes de guardar água usada ou recolhida da chuva, que tenha condições para lavar piso, paredes, calçadas e banheiros. Use esfregões molhados no chão e panos molhados nas paredes antes de usar apenas água;
- Coloque bicos de borracha nas saídas das torneiras, reduzindo fluxo (e evitando quebras;)
- Limpe bem copos, pratos, panelas e talheres, antes de ensaboar, com a torneira fechada, para só depois lavar;
- Lave verduras e frutas em bacias, em vez de na água corrente;
- Se for usar máquina de lavar, espere até que ela esteja cheia;
- Faça o mesmo com a máquina de lavar roupa;
- Insista para que funcionários e clientes usem descargas de privadas o mínimo necessário;
- Ao lavar as mãos, as ensaboem antes de lavar com água;
- Banhos – ligue a água o suficiente para se molhar, feche enquanto se ensaboam, para só então ligar novamente a água;
- Troque seus equipamentos hidráulicos por outros mais modernos, que economizam água – torneiras automáticas (fornecem água via sensor de movimento), descargas com válvulas de dois tempos. Na cozinha, pias duplas (uma para ensaboar e outra para completar lavagem);
- Reserve espaços para novas caixas d’águas, cisternas, todo tipo de recipiente que possa aumentar seu estoque;
- Mantenha reserva de materiais descartáveis (copos, pratos e talheres), para situação de emergência;
- Tenha sempre atualizado a relação de fornecedores (caminhão pipa, geradores entre outros), e contatos para informações sobre o retorno do abastecimento;
- Tire do cardápio produtos que exigem maior uso de água;
- Seja transparente, comunique seu cliente e converse com ele francamente se a água acabou e irá prejudicar a qualidade e o andamento dos serviços. Para evitar problemas, informe as regras de uso do banheiro; e
Se imprescindível, encerre as atividades mais cedo, após comunicar a todos, funcionários, clientes, fornecedores, o motivo, inclusive relativo a saúde, higiene e segurança.
Da redação