A charmosa cidade toscana de Montalcino e o seu célebre vinho Brunello. Marcio Morena/enólogo e nosso colunista, está nesta viagem e conta tudo hoje no Conceito de Luxo. Como diz Marcio, Montalcino é a cidade do reputado vinho Brunello, um vilarejo que já foi extremamente pobre na década de 1970, e que fica imerso nas montanhas, em meio à paisagem deslumbrante do Val d’Orcia, na Toscana, uma das regiões mais belas da Itália.
A história deste vilarejo demonstra a força e a coragem do seu povo, firmes defensores da liberdade, em meio às constantes disputas entre Florença e Siena, entre os séculos XII e XV. Em 1559, Montalcino foi dominada por Florença e assim seguiu até a unificação da Itália, só em 1860.
A estrada que leva até Montalcino é uma verdadeiro cenário de filme, onde se apreciam vinhas, oliveiras, e campos abertos dos produtores de um dos mais requintados e caros vinhos da Itália: o Brunello di Montalcino.
Não se ouvia muito falar nessa região da Itália, apenas os nativos sabiam que o clima era mais moderado do que no extremo norte ou sul. Tornou-se realmente conhecida em todo o mundo, a partir da década de 1980, pela maior produção e exportação do seu famoso vinho tinto.
Montalcino tem o clima mais seco e quente da costa toscana, com solos rochosos e pouco férteis, nas melhoras zonas, e uma altitude que varia de 150 a 500 metros. A Sangiovese plantada na região é uma das cepas mais importantes de toda a Itália, e a principal uva da Toscana, sendo igualmente conhecida pelas designações Sangiovese Grosso, Brunello, Uva brunella, Morellino, Prugnolo, Prugnolo Gentile, Sangioveto, Tignolo, Sangiovese Piccolo e Uva Canina.
Sua origem é incerta, mas algumas informações históricas remetem a registros de que no século XVI já era produzida. Sua produção cobre 11% da superfície vitivinícola nacional, sendo considerada uma das “jóias” da Toscana. Proporciona ao vinho grande elegância, acidez, versatilidade e complexidade.
Dentre as três grandes famílias de Sangiovese, a Sangiovese Grosso é a que compreende a uva Brunello utilizada na produção do vinho homônimo.
Na década de 1970, enquanto a vinícola Ricasoli estudava uma forma ideal para o Chianti, Clemente Santi e sua família (atualmente conhecida como Biondi-Santi), estabeleciam um modelo para o que chamaram de “Brunello”, uma seleção de clones da Sangiovese. E foi assim que nos anos 1980 a gigante US Banfi resolveu investir no Brunello, e com sua enorme rede de distribuição nos Estados Unidos e no mundo, conseguiu fazer com que esse vinho se tornasse tão célebre quanto o Barolo.
A vinificação, envelhecimento e engarrafamento devem ser feitas na região demarcada, e seguir regras específicas. Um bom Brunello pode ser guardado por 10 a 30 anos se mantido em condições ideais. O Brunello di Montalcino é liberado para consumo após 1° de janeiro do quinto ano depois da colheita, portanto mis de 5 anos de preparação. Já um reserva fica um ano a mais. A graduação alcoólica é de no mínimo 12%.
Estimulada pelos altos preços que o Brunello foi alcançando, a região expandiu-se bastante, passando de 60 hectares em 1960 a 2 mil hoje em dia.
Tivemos a oportunidade de visitar uma charmosa vinícola que produz um tradicional Brunello, a Cantina Abbadia Ardenga (http://www.abbadiardengapoggio.it/), em que um senhor de 85 anos, Mario Ciacci (seu diretor), nos recebeu com muita simpatia para explicar um pouco de sua história e de sua família, e nos conduzir numa degustação de seus vinhos, com especial atenção ao Brunello, servido em meio ao toque animado de um sino!
Por certo toda a região vale uma visita, especialmente para degustar o famoso Brunello e voltar para casa com algumas garrafas a preços muito convidativos, pois a cidade de Montalcino é repleta de lojas de vinhos!
Um beijo e um brinde!
Marcio Morena/Enólogo