Restaurante Ca’d’Oro,
voltou com sua cozinha clássica italiana e pratos que fizeram a história em São Paulo.
O restaurante está instalado no térreo do novo Hotel Ca’d’Oro, que acaba de reabrir no mesmo endereço na rua Augusta. Lindo, suntuoso, imponente, com personalidade única e totalmente repaginado. É exatamente assim que se apresenta o novo restaurante do Ca’d’Oro. Isso se deu da parceria entre a família Guzzoni que há mais de 60 anos inaugurou o Cad’O’ro e a tradicional incorporadora Brookfield que já é sucesso pela quantidades de empreendimentos incríveis em nossa São Paulo.
Segundo informações, sua história teve início com o imigrante italiano Fabrizio Guzzoni (1920-2005), que deixou a cidade de Bérgamo e o comando do Grand Hotel Moderno, fundado por seu pai, Aurelio, em 1922, para construir no Brasil o seu próprio hotel de luxo. Mas antes do hotel, veio o restaurante, que abriu as portas em uma das mais imponentes ruas de São Paulo na época, a Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, em 13 de julho de 1953 – mas por superstição da família, a data oficial ficou registrada como 14 de julho. O nome foi sugerido pela sogra de Guzzoni, que havia visitado em Veneza o palácio Ca’d’Oro (“Casa de Ouro” em dialeto local), uma construção do início do século XV, que hoje funciona como um museu.
O restaurante introduziu no país uma cozinha até então pouco difundida por aqui, a do norte da Itália, especialmente da região que compreende o Piemonte, Lombardia, Vêneto e Ligúria. Seu cardápio apresentou a clientes paulistanos iguarias como a bresaola e o presunto de Parma, e receitas originais italianas, como os risottos e o tradicional carpaccio. Outro mérito da casa foi ter transformado a caipirinha, até então uma bebida de “botequim”, em um drinque de respeito e sucesso nacional e internacional.
O restaurante Ca’d’Oro foi instalado no piso térreo do novo hotel. Com 90 lugares, o espaço se divide em dois ambientes, o salão de paredes espelhadas e a varanda envidraçada, de frente para a Rua Augusta. O mobiliário é clássico e destaca a madeira, presente tanto no piso do salão quanto nas mesas, que são acompanhadas de sofás e poltronas em tons de verde e cru.
O piano francês Erard, de 1870 – único do Brasil em perfeito funcionamento –, em madeira marfim e “marchetaria”, retorna ao restaurante, assim como outras obras de arte que decoravam o antigo Ca´d´Oro. Entre elas, a “Estátua equestre de Bartolomeo Colleoni”, réplica em bronze da original de Andrea Verrochio, existente em Veneza, e a tela “Bacco”, de Giulio Carpioni (1611-1674), pintor veneziano, considerado um dos mestres do Setecentismo.
No cardápio estão muitos dos pratos que fizeram a história da casa. Ele foi desenvolvido por Fabrizio Guzzoni, quarta geração da família no ramo da hotelaria e neto do fundador do Ca´d´Oro. Gerente geral do novo hotel, ele se dedica ao negócio da família desde 2000, tendo trabalhado dois anos com Giancarlo Bolla no La Tambouille, durante o período de reconstrução do local. A cozinha está a cargo de Ednaldo Barreto Reis, que entrou para a equipe em 1994 como aprendiz até chegar ao posto de chefia.
Estão de volta receitas como Casoncelli alla bergamasca, massa com recheio de vitelo e codeguim e toque de amaretto, Quaglie alla bergamasca con polenta, codornas recheadas com pancetta e ervas, e o Fettuccine al triplo burro. Criado pelo restaurante Alfredo, de Roma, originalmente como al doppio burro, o prato ganhou dose tripla de manteiga na versão dos Guzzoni, sendo cozido no consommé e servido com creme de leite e parmesão.
Outros dois pratos tradicionais do Ca’d’Oro não ficaram de fora. O Anitra alla “Colleoni”, peito de pato em crosta de ervas, com aspargos, purê de batata e três figos empanados, é um deles. Trata-se de uma homenagem ao mestre das armas e da guerra Bartolomeo Colleoni, cuja virilidade era atribuída a uma triorquidia de nascença. Ele se orgulhava de seus três testículos, daí os três figos que compõe o prato. A outra receita é o Gran bollito misto alla Piemontese, um cozido de carnes e legumes variados, que chega ao salão em um carrinho réchaud especial. Inexistente no Brasil à época do lançamento do prato, 1956, o acessório foi encomendado a uma metalúrgica que fabricava carrinhos de bebês. Carnes como músculo, frango, língua e zampone, cozidas separadamente em um consommé, são acompanhadas por batata, cenoura e repolho, entre outras opções, que incluem três tipos de molho feitos na casa, como a Mostarda de Cremona. Outro carrinho, sempre em exposição no salão e usado em ocasiões especiais para o serviço de assados, é um modelo Christofle, em prata, fabricado em 1940.
Estive presente no almoço de apresentação do restaurante Ca’d’Oro e fiquei perplexo com a beleza do local, o atendimento e à apresentação dos pratos impecáveis.
Iniciamos com Salmone Stagionato Ca’d’Oro – Salmão fresco importado e fatiado, maturado e curtido no Ca’d’Oro. Simplesmente delicioso, uma maciez e suavidade presente no salmão que o torna magnífico.
Já na sequência, uma massa fresca maravilhosa, da região da Lombardia. Trilogia Bergamasca Al Burro e Salvia – Casoncelli, Agnolotti e Ravioli com manteiga espumante e sálvia. Uma massa muito boa, o recheio e o molho estavam incríveis e muito suave.
Partindo para o terceiro prato, este foi o que me fez sair apaixonado pela culinária tradicional do Ca’d’Oro. Gamberoni Portofino Com Patatine AL Vapore – Camarões à moda da Liguria, feitos a base de ervas aromáticas e batatinhas no vapor. Delicioso, os camarões banham-se no molho delicado, aromático e sutil. Uma maciez que só com muito talento e experiência para deixa-los neste ponto. Simplesmente irresistível. Eu adorei!
Finalizamos com a sobremesa que também é única e deliciosa. O clássico Tiramisù, com mascarpone, amaretto, café e chocolate. Muito boa e vale conhecer.
E antes do café, não poderiamos terminar sem as charmosas uvas e pet four na companhia de Bonacchi Vin Santo Del Chianto – 2006. Delicioso, Trebbiano Toscano 70%, Malvasia 20%, outras variedades locais 10% . A cor âmbar, este vinho doce tem um nariz de caramelo, até um paladar com doçura equilibrada e álcool quente sobre o acabamento. foi servido gelado como se deve e acompanhndo essas deliciosas paixões do Ca’d’Oro.
Vá e comprove, eu adorei!
Por Luis Guilherme Zenga