O charmoso Château de Pommard na região da Côte d´Or da Borgonha, na França: uma tradição de 300 anos unida à modernidade na produção de vinhos de excelência. A Borgonha, na França, é famosa por seus vinhedos que gozam de uma situação excepcional, desfrutando de condições climáticas e geográficas ideais para o cultivo das uvas, o que justifica a fama de berço de grandes vinhos famosos em todo o mundo, e o título de patrimônio mundial da humanidade outorgado pela UNESCO em 2015. Marcio Morena/enólogo e nosso colunista conta tudo neste novo artigo no Conceito de Luxo.
Para entender a Borgonha vitivinícola, é preciso compreender o conceito de “climat”: são terrenos precisamente demarcadas que se beneficiam de condições geológicas e climáticas específicas. Combinado com o trabalho de homens, resultam em grandes varietais, como a Pinot Noir Pinot, para os vinhos tintos, e a Chardonnay, para os vinhos brancos. Estas condições deram origem a um mosaico excepcional de nomes e a uma hierarquia de qualidade e reconhecimento.
A partir do século VII, alguns “climats” já eram estão listados e reconhecidos, como o “Clos de Beza Gevrey”. Durante vários séculos, a reputação de vinhos da Borgonha se estendeu sob a liderança dos monges cistercienses e dos duques da Borgonha. Alguns vinhos, graças a seu “climat” original, adquiriram uma reputação para além das fronteiras francesas, como é caso do emblemático Clos de Vougeot e do Montrachet. Desde 1935, o Instituto Nacional de Origem e Qualidade (INAO) formaliza o uso do “climat”, e em 4 de julho de 2015, eles foram listados como patrimônio mundial da humanidade pela Unesco.
A região vinícola da Borgonha se estende por 150 km. Além de produzir vinhos de excelência inquestionável, é de uma beleza ímpar e oferece aos amantes deste néctar muitas visitas interessantes ao longo da chamada “Rota dos Grands Crus”. As principais uvas cultivadas na região são, primordialmente, a Pinot Noir e a Chardonnay, e, em bem menor quantidade, a Aligoté e a Gamay.
Como se pode imaginar, muitas são as possibilidades de passeios para inebriar-se nessa encantadora paisagem vitivinícola na Rota dos Grands Crus na Borgonha… Nessa série de artigos vamos contar para vocês sobre alguns que realizamos recentemente e que valem à pena!
Iniciamos com a visita ao Château de Pommard. Situado na região de mesmo nome, na já citada Côte-d’Or da Borgonha, comprende um palacete do século XVIII, um jardim no estilo clássico francês, um restaurante gourmet, dua salas com peças históricas utilizadas na vinificação, e uma galeria de arte.
Essa região é caracterizada por um solo argilo-calcário bem drenado, grande presença de óxido de ferro, e fica a uma altitude entre 250 e 330 metros. De forma genérica, podem-se descrever os seus vinhos como vinhos de um vermelho rubi profundo escuro, com aromas predominantes de amora, mirtilo, groselha e ameixa madura. A maturidade revela aromas de couro, chocolate, e pimenta. Costumam apresentar textura arredondada, estrutura e delicadeza ao mesmo tempo, com um retrolfato frutado. Mas é claro que na Borgonha, tudo depende da parcela de terra à qual cada uva é extraída… do famoso “climat”!
Em 1726 Vivant Micault (escudeiro e secretário do rei Louis XV), construiu o palacete em estilo Regency e o dotou de todos os aparatos para vinificação, aproveitando os vinhedos que o circundavam. Em 1763, Claude Marey comprou a propriedade e, posteriormente, a transmitiu a seu filho, Nicolas-Joseph Marey. Para se ter ideia da importância histórica do local, Napoleão costumava frequentá-lo como casa de veraneio, ocupando o chamado “quarto azul”, que tem vista para o pátio. Em 1932, a família De Blic, herdeira da família Marey-Monge, o vende.
Depois de passar por vários proprietários, como o psicanalista Jean Laplanche (em 1966) e o construtor imobiliário Maurice Giraud (em 2003), em setembro de 2014 o Château é vendido. Com um faturamento anual de 6 milhões de euros, foi comprado pelo empresário americano no Vale do Silício Michael Baum, interessado também no enoturmismo da região, pois o Château 35.000 visitantes ao ano. Os vinhedos do Château de Pommard ocupam uma área de 20 hectares distribuídas por toda a Côte d´Or, possuindo diversos “climats” e apelações, como Chassagne-Montrachet, Meursault, Puligny-Montrachet, Volnay, Gevrey-Chambertin, Pernand-Vergelesses, Auxey-Duresses, Ladoix-Serrigny, Santenay , etc…, produzindo 80 mil garrafas de Grand Vin du Castelo de Pommard e 20 mil de Clos du Château, além do vinho Pommard Village.
É realmente uma visita que vale à pena! Para maiores informações:
Com esse artigo iniciamos essa nova série sobre a região vitivinícola da Borgonha, na França. Continuem acompanhando, curtindo e compartilhando! A biêntot!
Um beijo e um brinde!
Marcio Morena/Enólogo