Marcio Morena/enólogo e nosso colunista, está nesta viagem e com este artigo encerramos a série de vinhos toscanos! O aristocrático Vino Nobile di Montepulciano: mais uma preciosidade da Toscana que merece ser conhecida. Já na próxima edição, Marcio nos levará para a região da Borgonha, na França! Onde comentará sobre as suas lindas paisagens, locais a serem visitados e explorar o seu complexo, um encantador universo vitivinícola, considerado patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO. Não percam! Tudo em sua coluna no Conceito de Luxo.
Montepulciano é uma pequena cidade de pouco mais de 14.500 habitantes, pertencente à Província de Siena, ao sul da belíssima da Toscana. Estende-se por uma área 165 km², tendo uma densidade populacional de 84 hab/km². A cidade se situa no topo de uma colina, a 605m acima do nível do mar.
Tornou-se um destino turístico obrigatório após as filmagens do famoso filme “Lua Nova”, a sequência da saga de vampiros “Crepúsculo”, e também da série de televisão “Os Medici”, dos mesmos produtores de “Os Borgia”.
Uma visita então à cidade e região se faz obrigatória para apreciar não apenas seu célebre vinho, mas também seus palácios esplendorosos, suas belas igrejas, praças, e desfrutar da inebriante vista da paisagem sobre o Val d’Orcia e o Val di Chiana, repletos dos vinhedos que produzem o famoso Vino Nobile di Montepulciano.
A Piazza Grande é o coração da cidade, palco de seus principais acontecimentos, incluindo o curioso “Bravio delle Botti”, uma corrida em que se leva o barril ladeira acima, que é realizada todos os anos no mês de agosto.
As origens de Montepulciano remontam aos etruscos, no séc. IV a.C., mas seu esplendor se deu na época do Renascimento, no século XVI, sob o poder da família Médici, quando passou por um processo de renovação urbana, confirmando sua importância ao ser erigida como sede de uma arquidiocese em 1561. A partir de meados do século XVIII, começa um lento processo de requalificação da cidade, que tem o seu momento mais significativo na construção do Teatro Poliziano (1793-1796).
A cidade oferece deliciosos pratos locais tradicionais e especialidades em seus diversos restaurantes no centro histórico, onde é possível degustar o seu aristocrático vinho “Nobile di Montepulciano”, sem dúvida um dos vinhos italianos mais apreciados não somente na Itália, mas também no estrangeiro.
O Nobile foi o primeiro vinho da Itália a ter o selo DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), apesar de suas qualidades terem sido reconhecidas desde muito tempo atrás, como já afirmou Francesco Redi, em 1685: “(…) de todos os vinhos, Montepulciano é rei.”
Os registros mostram que o vinho de Montepulciano tem sido referido como o “Vino Nobile” pelo menos desde o final do século XVIII. E essa nobreza se explica por ter sido o vinho preferido de papas e nobres.
O Nobile di Montepulciano é produzido a partir da uva Sangiovese, a rainha da região, chamada de Prugnolo Gentile, e algumas variedades locais e de Bordeaux. Os vinhedos ficam em duas zonas separadas pela planície do Val di Chiana, em altitudes de 250 a 600 metros, e a média pluvial anual é de aproximadamente 740 mm.
Para que um Vino Nobile di Montalcino seja considerado como tal, é preciso que tenha minimamente 70% de Sangiovese na sua constituição, ficando à critério do enólogo definir se produz um vinho com 100% da referida casta, ou se opta por uma mistura, sempre respeitando a porcentagem mínima, assemelhando-se sua composição ao Brunello e ao Chianti.
O período mínimo de maturação em carvalho é de um ano para a versão genérica, e também para a reserva (embora o Vino Nobile não possa ser liberado para venda antes de 2 anos de maturação) e o reserva, 3 anos. Mas, sem dúvida, os melhores tendem a ser são aqueles que estagiam por períodos de 5 a 10 anos em adega.
Em recente visita à região e à cidade, fomos conhecer os vinhedos e também degustar o Nobile di Montalcino. Uma interessante visita de degustação é oferecida pela Azienda Ercolani, em sua cantina em pleno centro da cidade, onde é possível visitar as suas adegas subterrâneas do século XV que constituem um verdadeiro museu com diversas peças originais que propiciam uma viagem no tempo. No fim do percurso, se oferece uma degustação dos vinhos e de outros produtos famosos da região (http://www.ercolanimontepulciano.it/la-citta-sotterranea/).
Realmente a Toscana é uma cenário de filme, com excelentes pratos e vinhos, e que merece ser incluída na sua próxima viagem à Itália!
Um beijo e um brinde!
Marcio Morena
Enólogo